Setor de máquinas de construção cresceu com alta da construção civil, mas vendas de máquinas agrícolas caíram quase 20% no ano passadoPublicado em 29/01/2025 O setor de máquinas autopropulsadas teve resultados contrastantes em 2024.Segundo a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 91,4 mil unidades de máquinas agrícolas e de construção foram vendidas. Com isso, a queda foi de 6% em relação aos números de 2023, quando o setor vendeu 86 mil unidades. Resultados por segmento foram contrastantes O volume de vendas de máquinas de construção no atacado teve crescimento de 22,2% em 2024. Foram 37,1 mil unidades comercializadas no ano passado, ante as 30,4 mil máquinas vendidas em 2023. O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, atribuiu a alta especialmente pela ascensão da construção civil, que aumentou sua participação nas compras de 37% para 42%. O setor de locação respondeu por 23% do total, com 17% para agrícola/florestal e 18% para outras áreas da indústria. Máquinas agrícolas tiveram queda de 20% nas vendas Entretanto, as vendas de máquinas agrícolas no atacado caíram quase 20% durante 2024. No ano passado, o volume total foi de 48,9 mil unidades, menos do que as 61 mil unidades registradas em 2023. Ou seja, houve queda de 19,8%. Houve quedas nas vendas de máquinas em 2024 também nos segmentos de tratores de rodas (-15,2%, com 45,6 mil unidades) e colheitadeiras de grãos (-54,2%, totalizando 3,3 mil unidades). Márcio ressaltou que a queda foi ainda mais expressiva para as fabricantes das colheitadeiras de grãos em relação às produtoras de tratores de rodas. "Não posso comparar o tíquete médio de um trator com o de uma colheitadeira porque os valores são muito diferentes”, afirmou. Segundo a Anfavea, o desempenho de máquinas agrícolas foi prejudicado pela "redução da safra de grãos, pela queda de preços das commodities e pela atratividade limitada das linhas de financiamento”. Anfavea condena invasão chinesa nas compras públicas Marcio destacou (e criticou) a "invasão das máquinas importadas nas compras públicas” do país. Um estudo feito pela Anfavea com 29 licitações contemplando 2.132 máquinas apontou que 32% das máquinas autopropulsadas adquiridas pelo Governo Federal foram de empresas sem etapas fabris no Brasil. Ainda segundo a associação, "mais de 55% das máquinas autopropulsadas importadas são oriundas da China e 26% da Índia”. O presidente da Anfavea alertou sobre o risco do crescimento dessas empresas. "Nunca tivemos um ataque tão grande nas compras públicas, sendo que muitas das empresas não têm etapas fabris. Então, se você está gastando recursos públicos para desenvolver o país e gerar melhores condições para a população, é preciso pressionar para que não se crie uma desindustrialização no país. Nosso estudo identificou que boa parte dessas empresas (que vendem máquinas importadas) tem menos de 20 empregados. São empresas que, historicamente, entram e saem do país rapidamente e mantém escritórios em uma salinha. É uma vergonha”, disse. "Não podemos ver isso acontecer em um setor fundamental para a economia do país”, completou o presidente da Anfavea. Balança comercial tem déficit pelo segundo ano seguido O presidente da Anfavea demonstrou preocupação com a balança comercial das vendas de máquinas agrícolas e de construção em 2024. Houve saldo comercial deficitário pelo segundo ano consecutivo no setor. Em 2024, a balança comercial fechou com -5,8 mil unidades. O volume, inclusive, é o dobro do registrado no ano passado. Esse resultado ocorreu mesmo com resultados positivos. O volume de importações cresceu três vezes em quatro anos, saltando de 9 mil para 26,4 mil unidades. Já o número de exportações cresceu 1,6 vez, indo de 12,8 para 20,6 mil unidades no mesmo período. Sem crescimento nas vendas de máquinas agrícolas em 2025 A Anfavea projeta um crescimento bastante tímido para o setor em 2025. A estimativa é de alta de 1,3% nas vendas de máquinas no atacado. Aliás, a aposta é de nenhuma alta para o setor de máquinas agrícolas. "Infelizmente, em função dos anúncios de (aumento na) taxa de juros e dos custos de financiamento, não prevemos um crescimento para esse mercado”, alegou Marcio. Já a projeção para as exportações é de crescimento de apenas 0,3%, com foco no desempenho das máquinas agrícolas. |
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Fonte: Automotive Business